Contavam as histórias de amor,
que cada coração tinha seu par, e que, mesmo distantes, um sempre encontraria o
outro.
Nas histórias, o destino se ocuparia
de traçar rotas misteriosas, que sempre levariam aos finais felizes, por isso bastava
esperar, e amar.
Por uma vida esperei meu par, e durante
a espera, escrevi poemas de amor.
Nas linhas dos cadernos tracei
caminhos para mãos dadas, descrevi beijos e criei canções. Nos cantos das
páginas desenhei sóis amarelos e brilhantes, que aqueciam peles nuas e
livres. E nos rodapés, fiz longas praias
para pés sem pressa.
Em meus poemas falei das
estações, das muitas luas e estrelas que contei sozinha, guardando sonhos e desejos
para noites que viriam. E quanto mais escrevia, mais me alimentava da ilusão
daquele par, que traria no abraço o calor que me faltava.
Até que meus dedos se cansaram
das palavras, e os olhos se turvaram sem esperança, deixando que a tristeza
visitasse meu coração.
Fechei as janelas e encerrei a
música.
E na penumbra da própria solidão,
prometi a mim mesma nunca mais acreditar nas histórias de amor...