Ela era conhecida por sempre falar as palavras certas às pessoas.
Sabia quais serviam para um afago, um consolo, um
pensamento reanimador onde havia inercia, ou um estimulo onde se instalara a
desistência. Para aqueles que se perdiam em conflitos internos, escolhia
palavras de fé e amparo.
Conta-se que ela tinha
aprendido a ler e escrever sozinha, para grande surpresa da família.
Desde muito nova se
encantara com as palavras, mesmo com aquelas que ainda não sabia o significado.
Sempre que aprendia alguma, cantarolava baixinho, repetindo para si mesma,
testando a sonoridade das letras, como se degustasse um doce. Depois, quando
aprendeu a escrever, habituou-se a anotá-las em um pequeno caderno que levava
sempre consigo, e mostrava a quem encontrasse.
Com o passar do tempo, à
medida que crescia e ia aumentando seu repertório, passou a ver uma função
especial nas palavras: a de trazer, no momento certo, as respostas ao espírito
de cada pessoa. Sentiu que para isso ela precisava conhecer muitas, pois cada pessoa
tinha sua própria história, e carregava medos, angústias ou alegrias.
Já adulta, era procurada por aqueles que precisavam
escutar um alento, ou achar uma força que não se explicava de onde vinha. Nessas
horas ela esquecia de si própria, de suas dores e dúvidas, e iluminava os
corações aflitos com esperança de orações que aprendera e risos que só ela
conhecia.
O mundo ficou silencioso quando ela se foi, e
muitos, até hoje, se sentem desamparados por não encontrá-la quando precisam.
Toda pessoa precisa de palavras que lhe abram as
cortinas e deixem entrar a luz, para trazer nova paz.
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