Havia um grande bosque nas redondezas da cidade.
Dizia-se que tinha sido idealizado por um nobre italiano,
que determinara a seus jardineiros que as árvores fossem plantadas de forma
peculiar, para que ninguém conseguisse atravessar até o centro, onde construíra
a casa para família, e se perdesse pelo caminho.
Muitos tentaram atravessá-lo, e nunca mais foram vistos.
Com o passar do tempo histórias de entes estranhos, como
sombras andando sob as árvores, surgiram entre os moradores que, temerosos,
desistiam de chegar à casa do nobre.
Mas o estranho bosque acabou atingindo o seu próprio
criador. Seu único filho, sem se lembrar do perigo, um dia caminhou rumo às
árvores e desapareceu.
Homens contratados, amarrados com enormes cordas,
percorreram o bosque em todas as direções. Cada pedaço do terreno foi
vasculhado à procura da criança. Nem mesmo o lago foi poupado: redes varreram
as águas, sem encontrar qualquer vestígio. Durante noites seguidas chamaram
pelo nome da criança, quebrando o silêncio e a quietude do lugar.
Por fim, depois de meses, esgotados e sem esperança,
desistiram de procurar.
O nobre e sua esposa partiram. Viajaram pelo mundo,
devastados pela tristeza.
No bosque, só os animais foram percebendo uma sutil
diferença acontecendo ao longo dos anos: a cada desaparecimento, uma nova
árvore surgia. A última foi um frondoso salgueiro, próximo à casa. Em tardes de
ventania viam seus galhos se agitando, como se fossem braços de uma criança,
tentando pegar os passarinhos.
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