12 de maio de 2016

Fotógrafo ou poeta

Eu o vi a caminhar pela praia.
Não olhava apenas para o mar, mas também para a areia,
e as nuvens estavam refletidas nos seus olhos como eram vistas no céu,
nos braços do vento.
Talvez fosse fotógrafo, ou poeta, pois registrava detalhes que outros não viam.
Seus olhos descobriam cores e nuances, e seus dedos percorriam com carinho todas as formas e tamanhos que encontrava.
Seguia contando histórias embriagadas de doce melancolia,
e sua voz pairava no ar por um momento apenas, antes de ser diluída pela brisa.
Fazia paradas, erguia os olhos para o céu, e acompanhava admirado o voo sem limites das gaivotas.
Parecia caminhar sem destino, mas no fim de cada dia voltava ao seu lugar, e
se entregava à dor de tudo ver e tudo sentir, deixando que lágrimas caíssem de seus olhos exaustos.
Nessas horas, não reclamava dos pés feridos por longas caminhadas, mas da rapidez com que os dias chegavam ao fim.
Para que nada se apagasse, escrevia poemas, de todos os olhares que o mundo lhe dera.

Tive um amor

Tive um amor.
Tão meu, que só eu senti.
Tão puro, que não tinha forma.
Um amor profano, viajante, que marcou na alma
dores do coração.
Tive um amor que passou por mim,
e acenou de longe,
pois era só meu, e não seu...