15 de julho de 2016

O Banho de Mar

O menino olhou para o mar, além da extensa faixa de areia da praia.
Já não era pequeno, mas aquela imensidão lhe pareceu desafiadora e inóspita.
Esperou, impaciente, a mãe abrir um tubo de protetor solar e aplicar o creme nos seus braços, rosto e costas.
Escutou, como todas as vezes, as recomendações quanto a força das ondas, a distância de segurança, e o tempo até a volta à sombra. A ansiedade era evidente: balançou os braços, desviou os olhos para o mar a todo instante, deu pequenos passos no mesmo lugar.
E quando a mãe sorriu e acenou com a mão, ele partiu em disparada.
Mas chegar ao seu destino não foi fácil. Nos primeiros passos sentiu que a areia quente queimava cruelmente os pequenos pés, e quando tentou correr afundou os tornozelos no solo fofo e traiçoeiro. Mas era corajoso e perseverante, por isso avançou sem olhar para trás.
Depois de vencer a etapa, parou por um instante e sentiu a brisa salgada e o ar úmido. Por um momento lembrou do pai, aconselhando-o a ser sempre cuidadoso. Pisou na areia molhada e começou a rir, antecipando a vinda da próxima onda. Ela veio com uma força inesperada, derrubando-o em meio a um turbilhão de sal, espuma e areia. Quando pareceu se afogar, levantou-se de pronto, e encarou a próxima. Apesar de resistir a princípio, foi novamente derrubado e jogado com força.
Daquela vez voltou à segurança da areia, fora da água, sentindo o joelho cortado por uma concha e o sal irritando os olhos e a garganta. Mesmo assim não desistiu, novamente avançou para água e se jogou na onda que se formava.
Mergulhou por alguns segundos e reapareceu um pouco adiante. Olhou ao redor, conferiu que tinha conseguido superar a primeira, e mergulhou novamente. Acenou para a mãe e mostrou, de longe, toda sua habilidade. Depois fez vários outros mergulhos, brincou com as ondas, e correu pela linha da água até se sentir cansado e faminto.
Voltou para perto da mãe falando sem parar e descrevendo as brincadeiras.
“eu adoro a praia, mãe, podemos voltar amanhã?”
A mãe o envolveu com a tolha, tirando o cabelo molhado daqueles olhos grandes e inteligentes. Sabia que ele não entenderia todos os seus sobressaltos, desde o momento em que ela o vira se arriscar pela areia quente e mergulhar no mar. Tinha assistido, fingindo estar lendo, ele se jogar nas ondas e comemorar cada vez que ficava de pé.
Algumas vezes tinha corrido assustada pela areia, contando mentalmente os segundos em seus mergulhos, temendo que ele se afogasse. Ao vê-lo em segurança, voltava ao seu lugar.
Sabia que ele tinha criado aventuras, se fazendo de mergulhador, herói e poderoso em lutas no mar bravio e ameaçador.
Mas, acima de tudo, tinha superado um medo inicial e tentara várias vezes até conseguir.
Voltara com mais segurança em si mesmo, e naquele momento esperava uma resposta.
“claro, filho, voltaremos amanhã !”

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